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Homens de Preto 3 | Crítica

Terceiro filme volta no tempo para corrigir erros do passado

17.10.2014, às 12H04.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H40

Basta fechar os olhos para me lembrar de cenas de Homens de Preto (Men in Black, 1997), mas mesmo tendo visto Homens de Preto 2(Men in Black 2, 2002) cinco anos depois, o filme é um grande branco em minha memória. Parece até que fui vítima do neurolizador e todas as lembranças que eu poderia ter do segundo filme foram apagadas. Mas na verdade, eu sei bem o motivo. Enquanto o original, adaptado da HQ criada por Lowell Cunningham e publicada pela Aircel Comics (que depois virou Malibu Comics e recentemente foi comprada pela Marvel), misturava com muito esmero ação, ficção científica e humor, a sequência deixou o roteiro de lado e se focou apenas nos efeitos especiais, limitando-se a reciclar piadas e situações já vistas no filme anterior.

Homens de Preto 3

Homens de Preto 3

Homens de Preto 3

Passados dez anos, a pergunta é: precisávamos de um terceiro filme? A minha resposta é afirmativa. Principalmente para ficarmos com algo bom na lembrança, assim como Shrek 4 veio só para apagar da memória a terceiro animação do ogro da DreamWorks. Mas o caminho da ideia à finalização não foi tão simples. Dizem por aí que o roteiro foi escrito enquanto as filmagens iam acontecendo e que toda a sequência ambientada no passado estava "em branco" e só foi entregue depois de uma pausa na produção.

Isso explicaria e muito a existência de Griffin (Michael Stuhlbarg), o carismático alienígena que está ali para guiar os protagonistas (e principalmente ao público) na trama, ensinando o básico sobre as viagens no tempo, o que acontece ao se mexer no passado e os presentes alternativos que podem coexistir.

Tudo começa quando Boris, o Animal (Jemaine Clement) consegue escapar da prisão e sai atrás daquele que o prendeu, K (Tommy Lee Jones). Mas o seu plano não se restringe apenas a vingar os últimos 40 anos e tantos anos em que passou na prisão. Ele decide voltar no tempo para matar o seu captor e ainda impedir que toda a sua raça seja extinta. Ao obter êxito na sua missão, vemos uma realidade que não se lembra mais da existência do agente K e sofre uma invasão alienígena. Cabe então a J (Will Smith) voltar também no tempo e impedir que tudo isso aconteça.

Não há grandes novidades, nem conceitos inéditos de viagem no tempo e, como já foi dito, temos o Griffin para esclarecer qualquer outra dúvida que surgir pelo caminho. Entra, então, a grande genialidade do filme: o trabalho do Sr. Rick Baker, que faz aqui um de seus melhores trabalhos até agora. Os monstros estão criativos e perfeitos da concepção à execução. Demorei quase o filme inteiro até lembrar que Boris era o ator de Flight of the Conchords (que disfarça o seu sotaque neozelandês e chega a ser bastante amedrontador). E temos ainda todas as criaturas dos anos 1960, que foram criadas à imagem que se tinha dos aliens daquela época, com aquário na cabeça, cara de peixe, etc.

Aliás, toda a ambientação no passado é impecável, principalmente o K jovem interpretado por Josh Brolin. É impressionante como ele conseguiu pegar a entonação e os trejeitos do velho Tommy Lee Jones e recriá-las à perfeição, tal qual já havia feito com George W. Bush em W. (2008) e ainda dar um ar bondiano ao personagem. É esta viagem no tempo que traz ao filme um frescor que faltou ao segundo filme. As piadas aqui fluem bem melhor - exceção à do primeiro neurolizador, que depois aprendemos ser desnecessário - e criam situações que fazem a trama andar para frente. E para quem gosta da brincadeira de ficar adivinhando quem é humano e quem é ET, o fim da década de 1960, com os hippies e tudo mais é um prato cheio! E ainda temos Andy Warhol (Bill Hader) e sua Factory fazendo participação especialíssima.

Mas daí chega a hora do desfecho. E aqui algumas pessoas podem torcer o nariz para o sentimentalismo que eles tentaram dar ao filme, mas a verdade é que é uma saída que faz sentido e ainda homenageia o que foi feito antes. E para quem não gostar, tem sempre o neurolizador.

Veja um vídeo-comentário com um resumo dos dois primeiros filmes e breve comentário sobre o novo capítulo da série:

E mais:

Nota do Crítico
Bom