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Séries e TV

Crítica

Terceiro ano de Sweet Tooth não resgata brilho inicial, mas dá fim digno à série

Última temporada abraça o lado místico da jornada do menino-cervo Gus

07.06.2024, às 18H12.

Em 2021, Sweet Tooth estreou na Netflix ocupando um lugar de fantasia que poderia atender os órfãos de séries como Stranger Things. A adaptação da HQ escrita por Jeff Lemire, que priorizou uma inocência infantil no lugar do ar sombrio da obra original, com um Christian Convery pleiteando um lugar de astro teen, viu esse frisson esfriar, porém, quando a segunda temporada estreou no serviço há quase um ano.

Assim, a terceira temporada estreia na Netflix com a missão de dar um fim digno à história do menino-cervo Gus (Convery), um garoto híbrido que iniciou uma jornada ao lado do ex-jogador de futebol americano Jepp (Nonso Anozie) para encontrar o seu lugar em mundo pós-apocalíptico. Após derrotar o temível general Abbott (Neil Sandilands) no fim do segundo ano, a dupla se une às irmãs Wendy (Naledi Murray) e Ursa (Stefania LaVie Owen) em uma viagem ao Alasca para encontrar Birdie (Amy Seimetz), mãe de Gus, e ajudá-la a encontrar a cura para o Flagelo que vitimou quase 99% da população dos EUA.

Após optar por uma narrativa modorrenta que deixou os protagonistas separados por quase todo o arco do segundo ano, o showrunner Jim Mickle parece ter entendido o recado do público. Mesmo que o início da terceira temporada tenha um formato episódico, a história dos protagonistas e coadjuvantes é desenvolvida de forma mais ágil, impedindo que Sweet Tooth caia na armadilha de estender certas tramas desnecessariamente para priorizar um grande clímax final.

Quem mais ganha com isso é Nonso Anozie. Depois de ver Jepp escanteado por quase todo o segundo ano, o ator volta a brilhar ao lado de Christian Convery e faz da química da dupla - mais uma vez - o grande motor de Sweet Tooth. Desta vez, eles têm a companhia do indecifrável médico Singh (Adeel Akhtar), que ganha mais destaque na terceira temporada e cujo caráter dúbio pode seguir causando um misto de curiosidade e raiva nos espectadores.

Com Abbott fora da jogada, o posto de novo vilão é assumido por Helen Zhang (Rosalind Chao), apresentada brevemente ainda na segunda temporada. Embora suas motivações também sejam um tanto rasas, ela consegue representar uma figura tão ameaçadora quanto a de seu antecessor. Sua filha, Rosie (Kelly Marie Tran), surge como uma das personagens mais interessantes do novo ano, tornando-se um reflexo da ambiguidade do mundo pós-apocalíptico criado por Lemire na HQ original, no qual nem todo antagonista é necessariamente mau caráter.

Para além da clássica história do bem contra o mal, Sweet Tooth abraça o lado místico da jornada de Gus em sua temporada final. Com o menino-cervo em busca da caverna que deu origem ao Flagelo, a trama vai além da ciência para encontrar suas respostas no fantástico de forma convincente, sem que as principais reviravoltas pareçam meras muletas para surpreender o espectador.

Mesmo sem recuperar o brilho inicial que fez de Sweet Tooth um hit da Netflix há três anos, a terceira temporada consegue dar um fim digno à história de Gus. Uma prova de que mesmo a melhor das séries pode sofrer com a passagem do tempo e perder o timing de exibir um final que poderia ser apoteótico.

Nota do Crítico
Bom