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Riverdale | Vale a pena ver a versão para TV da Turma do Archie?

Com personagens interessantes e inspirações em Twin Peaks, seriado começa bem

13.02.2017, às 17H30.
Atualizada em 13.02.2017, ÀS 18H03

A trajetória da editora Archie Comics é admirável: com a criação da Turma do Archie na década de 1940, os quadrinhos estrelados pelo jovem ruivo foram de importância vital para definir o que significava ser adolescente na cultura norte-americana, com personagens variados e exemplares. Porém, os tempos mudaram e hoje pouco do que os tornavam tão vívidos e interessantes conversa com a nova geração, beirando até mesmo o clichê. Foi preciso uma reinvenção nas HQs em 2015 - de enorme sucesso, inclusive - e agora o primeiro derivado dessa empreitada deu as caras na televisão: Riverdale.

Projeto de Greg Berlanti, nome reconhecido por fãs de Arrow  e The Flash, a trama tem como ponto de partida a estranha morte de Jason Blossom (Trevor Stines) após partir em um passeio com sua irmã gêmea e riquinha local Cheryl Blossom (Madelaine Petsch), impactando toda a pequena cidade em que a família habitava. É um paralelo claro com Twin Peaks, algo que se torna ainda mais presente na estética do seriado. Diferente do clássico cult de David Lynch, contudo, Riverdale utiliza a tragédia como uma sombria abordagem para explorar rostos tão conhecidos sob uma perspectiva moderna.

Tudo é narrado como parte de um romance escrito por Jughead Jones, misterioso personagem de Cole Sprouse (Zack & Cody: Gêmeos em Ação), que utiliza o assassinato como plano de fundo para observar as problemáticas relações que seu melhor amigo Archie (K.J. Appa) se encontra, como sua paixão por música, a necessidade de agradar o pai (Luke Perry, de Barrados no Baile) ou o romance proibido com uma professora (Sarah Habel). Diferente da simplicidade da sua versão original, o Archie da série se torna interessante por esse pelo conflito interno: lidar com suas vontades ou fazer o que é certo.

O mesmo pode ser observado tanto em Betty Cooper (Lili Reinhart), a menina de bom coração que se vê estagnada justamente por colocar a vontade dos outros à frente das suas; e Veronica Lodge (Camila Mendes), a novata em busca de um recomeço que constantemente age como a pessoa que deixou no passado. Essas pequenas inconsistências nas atitudes, principalmente quando motivadas pelo clima de luto na pequena cidade, dão vida aos personagens, geram empatia no espectador e trazem um pouco de imprevisibilidade no que, caso contrário, seria uma narrativa bem óbvia e tediosa.

Não que a série não tenha cometido sua boa dose de erros: frequentemente o roteiro se torna muito explicativo, passando largas porções de informações supostamente conhecidas pelos personagens em diálogos que parecem pouco naturais, questionando a inteligência do público. Essa exposição gratuita é algo que pode ser eventualmente reduzida ao ritmo que vamos entendendo o universo que o seriado se desenvolve, mas que representa o ponto mais irritante de seu início.

Riverdale teve um bom começo. O piloto combina bem mistério com personagens interessantes, vívidos e empáticos. Enquanto o gancho para os demais episódios talvez seja raso demais, explorar os traços de personalidade e as relações interpessoais do elenco interessa o suficiente para garantir que o espectador retorne para mais um capítulo.

A partir de 13 de fevereiro, Riverdale é exibida às 21h30 no Brasil pelo canal pago Warner Channel.