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Pantera Negra 2 não afeta quase nada a Saga do Multiverso. E daí?

Definido por Kevin Feige como “o filme mais importante” da Marvel, Wakanda Para Sempre vai muito além da continuidade do MCU

Omelete
3 min de leitura
11.11.2022, às 16H00.
Atualizada em 11.11.2022, ÀS 17H12

[Spoilers de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre à frente]

Um dos filmes mais esperados do MCU, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre chegou aos cinemas na última quinta-feira (10) e, como é de praxe para produções do Marvel Studios, o filme deve dominar algumas discussões nas redes sociais por um tempo. Desde que os primeiros críticos e produtores de conteúdo assistiram ao longa de Ryan Coogler no exterior, um ponto vem sendo frequentemente levantado: sua conexão “precária” com o MCU. Afinal, por que Kevin Feige classificou a sequência como “o filme mais importante” do estúdio até agora se ele mal mexe na Saga do Multiverso? A resposta é bem simples e relativamente óbvia: a importância da continuação se deve a Chadwick Boseman.

Mais do que apenas participar do blockbuster como ator, Boseman levou os valores do Rei T’Challa para sua vida pessoal e profissional. Considerado um exemplo por todos com quem trabalhou dentro e fora da Marvel, o astro virou, ao lado de Gal Gadot e sua Mulher-Maravilha, símbolo de uma nova fase no cinema de herói, que enfim perdeu a vergonha de contar histórias que vão além dos feitos de homens brancos cisgênero e heterossexuais. Mais do que prestar homenagem a Boseman, Wakanda Para Sempre precisava mostrar que, mesmo sem ele, pessoas que enfim se viram refletidas no MCU continuaram tendo suas vozes ouvidas.

Até por isso, Ryan Coogler e equipe trabalharam duro para fazer com que a presença de Boseman e tudo o que ele representou para os fãs desde que chegou à franquia em 2016 fosse sentida na sequência. Em Wakanda, a morte não é o fim e era essencial que a produção se apoiasse nesse sentimento, mesmo que isso significasse deixar de lado o escopo megalomaníaco do grande arco atual do MCU.

É bom deixar claro: as críticas em relação às conexões de Wakanda Para Sempre com o restante do MCU são bem válidas. Everett Ross (Martin Freeman) e Valentina de la Fontaine (Julia Louis-Dreyfus) estão deslocados dentro da sequência e sua inclusão serve para pouco mais do que dar uma história para a personagem que reunirá os Thunderbolts lá em 2024. Essa interrupção nos conflitos e nas homenagens prejudicam, sim, o andar do longa - mas não diminuem sua importância.

Pantera Negra foi pioneiro em muitas coisas. Dono de uma bilheteria bilionária, o filme foi o primeiro longa do MCU estrelado e produzido por um elenco majoritariamente negro, além de ser o primeiro do gênero a concorrer ao Oscar de Melhor Filme. Ou seja, ele provou que há espaço para pessoas não-brancas no mundo dos super-heróis e seu sucesso acarretou no lançamento de Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis e Falcão e o Soldado Invernal e na encomenda de títulos como Captain America: New World Order, todos na Marvel, além das produções estreladas pelo Superman Val-Zod e pelo Super Choque assinadas por Michael B. Jordan na DC. Logo, Wakanda Para Sempre não tinha como missão principal seguir uma narrativa que só será concluída em quatro anos, mas sim honrar esse legado gigantesco deixado por seu antecessor.

Wakanda Para Sempre é essencial também para o MCU, uma vez que, a partir dele, Letitia Wright (cuja própria Shuri precisa amadurecer repentinamente), Danai Gurira, Lupita Nyong'o, Winston Duke e o próprio Coogler puderam superar o luto ao mesmo tempo em que mantiveram a franquia Pantera Negra viva. Boseman é ícone de uma nova fase para os filmes de herói e sua morte teve um impacto gigante em todas as pessoas tocadas por seu trabalho. Wakanda Para Sempre compreende o tamanho dessa perda e ajuda colegas e fãs do astro a darem o primeiro passo para superar a morte do ator.

Perder Boseman foi um golpe duríssimo para a equipe de Pantera Negra. A importância de Wakanda Para Sempre não pode ser medida com o quanto ele avança ou não as tramas da Saga do Multiverso, e sim pela promessa que faz a crianças, adolescentes e adultos de que o legado de Boseman seguirá vivo dentro e fora das telas.

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