A primeira cena da segunda temporada de Arcane já nos lembra o porquê da série ser especial. A sequência que acontece imediatamente depois do ataque de Jinx ao Conselho de Piltover traz todo o drama e desespero que a cena requer — tons que definitivamente não faltaram na primeira temporada, e marcam bastante presença no primeiro ato de seu último ano.
As consequências da loucura de Jinx são imediatas, e Piltover não pode mais ficar impassível frente a seus atos. Boa parte dos primeiros episódios se dedicam justamente a essa resolução, trazendo um quê político para a série. A produção até molhava os pés com o jogo de interesses na primeira temporada, e agora se aprofunda de vez na temática.
Ainda assim, sobra espaço para a ação: lutas incríveis e, principalmente, que utilizam recursos criativos de animação, seguem sendo um dos pontos fortes da produção. A mistura fica ainda mais completa com a intencionalidade da trilha sonora; não há coincidência nenhuma nas músicas e nos momentos em que elas são usadas.
Não que isso já não acontecesse antes. A estrutura de Arcane é muito familiar, mas o sucesso e a novidade da segunda temporada está em trazer senso de urgência para as inúmeras questões do roteiro: o Arcano, como entidade mágica, está desestabilizado; as tensões entre Piltover e Zaun chegaram em ponto de ebulição, e a série deixa muito claro que tudo isso precisa ser resolvido o quanto antes.
Ironicamente, pode ser aí mesmo que está o maior problema dos primeiro ato. Além de não resolver praticamente nenhum dos enredos da primeira temporada, Arcane ainda introduz mais elementos a um cenário que já é caótico. A chegada de Ambessa Medarda adiciona tanto à cena política quanto à história de Mel, e também se conecta com a possível chegada de outra personagem.
Warwick, experimento de Singed que aparece em praticamente todos os teasers da temporada, é apenas ventilado. A narrativa de Viktor toma rumos completamente novos, e Ekko não parece muito perto de se transformar no lutador que conhecemos do League of Legends.
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Com apenas seis episódios restantes, é difícil imaginar que Arcane dará conta de resolver tudo que foi lançado ao ar até aqui. Os criadores da série sempre prezaram por arcos satisfatórios de personagens, e justificam o fim da produção já no seu segundo ano com esse argumento. A única opção que resta é ter esperança de que eles estavam falando a verdade.
O histórico, claro, é muito positivo. Mesmo com um trilhão de pendências, o primeiro ato não falha em carregar a essência tão épica quanto dramática da temporada anterior. Ainda que haja muito a se resolver com pouco tempo, é fácil depositar a confiança no estúdio Fortiche e na Riot Games e enxergar um final que faça sentido com o que foi construído até aqui.