É difícil encontrar alguém que não conheça o trabalho do estúdio Ghibli, afinal, com quase quatro décadas, ele já produziu dezenas de filmes animados que atravessaram gerações. Só no período entre hoje e a criação do Oscar de Melhor Filme Animado, em 2001, o estúdio de Hayao Miyazaki lançou doze longas e concorreu à estatueta em sete ocasiões, quatro eram com filmes do diretor. Na primeira, com A Viagem de Chihiro, venceu A Era do Gelo, Lilo & Stitch, Spirit e Planeta do Tesouro. Em 2024, um filme do Ghible venceeu pela segunda vez com O Menino e a Garça, derrubando Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, Elementos, Nimona e Meu Amigo Robô.
Vamos relembrar as passagens do estúdio japonês pela premiação. Confira:
A Viagem de Chihiro (2002)
Um dos filmes mais conhecidos do estúdio, A Viagem de Chihiro foi a primeira animação estrangeira a vencer a categoria de Melhor Animação no Oscar, um marco histórico levou a atenção do ocidente para as produções de Miyazaki. No longa, conhecemos a pequena Chihiro, uma garotinha que se envolve em uma aventura mística durante uma viagem com os pais. O impacto da vitória foi tamanho que a Disney, responsável pela distribuição do filme nos Estados Unidos, aumentou o número de salas de cem para 700.
A demanda do estúdio não aumentou apenas nos Estados Unidos. Chihiro também foi o primeiro filme do estúdio Ghibli a ser lançado nos cinemas do Brasil, e se tornou o primeiro contato de muitos brasileiros com a animação japonesa e, consequentemente, com o estúdio de Miyazaki. Assim, o diretor furou uma bolha que nem mesmo os animes mais populares dos anos 2000 conseguiram, reforçando a importância de seu trabalho para o mundo.
O Castelo Animado (2006)
O segundo filme do estúdio a concorrer ao Oscar foi O Castelo Animado, quatro anos depois. Entre ele e Chihiro, o diretor Hiroyuki Morita lançou O Reino dos Gatos (2002), que foi esnobado pela premiação. No castelo ambulante desenhado por Miyazaki, acompanhamos a história do feiticeiro Howl, que conhece a jovem Sophie enquanto tenta escapar de uma temível bruxa.
Apesar de aderir novamente ao gosto ocidental, O Castelo Animado não foi páreo para Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais. O filme do estúdio Aardman desbancou não apenas Hayao Miyazaki, mas também Tim Burton, que concorria por A Noiva Cadáver.
Vidas ao Vento (2014)
A terceira participação do estúdio no Oscar só veio oito anos depois O Castelo Animado. O filme Vidas ao Vento, que conta a história do designer de aviões Jiro Horikoshi, mostrou a existência de um padrão para as indicações da academia. O estúdio Ghibli dominava as indicações de animações japonesas, mas até então, apenas com produções assinadas por Miyazaki.
Infelizmente para o diretor, o filme perdeu para o fenômeno Frozen: Uma Aventura Congelante, que também desbancou Os Croods, Meu Malvado Favorito 2 e Ernest e Célestine.
O Conto da Princesa Kaguya (2015)
No ano seguinte, as coisas parecem ter mudado na Academia do Oscar, e um filme do Ghibli que não era dirigido por Miyazaki foi indicado como melhor longa-metragem animado. O belíssimo Conto da Princesa Kaguya, do co-fundador Isao Takahata, fez uma releitura apaixonante da popular fábula japonesa e mereceu seu lugar entre os indicados.
Porém, nem o aclamado filme de Takahata conseguiu repetir o sucesso de A Viagem de Chihiro, e perdeu a estatueta da edição para o igualmente fabuloso Operação Big Hero. No mesmo ano, ainda concorreram Como Treinar o Seu Dragão 2, A Canção do Mar e Os Boxtrolls.
As Memórias de Marnie (2016)
E mostrando que abandonou de vez a predileção pelos filmes assinados por Hayao Miyazaki, a academia novamente indicou uma animação que não passou pelas aquarelas do diretor. As Memórias de Marnie, do renomado artista Hiromasa Yonebayashi, foi a quinta indicação do estúdio ao Oscar de melhor longa-metragem animado.
O filme conta a história de Anna, uma criança de 12 anos que vai passar as um tempo com os tios no interior e conhece Marnie, uma misteriosa garota que só ela consegue ver. O belo filme de Yonebayashi conquistou muitas pessoas, mas não a estatueta, que ficou com Divertida Mente. Shaun, o Carneiro, Anomalisa e O Menino e o Mundo, do brasileiro Alê Abreu,também estavam no páreo.
A Tartaruga Vermelha (2017)
Em 2017, foi a vez de A Tartaruga Vermelha, filme que não é exatamente uma animação do Ghibli, mas uma parceria. O longa-metragem franco-belga-japonês foi concebido com o trabalho do estúdio e da distribuidora Wild Bunch.
Com direção Michael Dudok de Wit, o filme acompanha um homem que naufraga em uma ilha deserta e encontra uma imensa tartaruga vermelha, que muda sua vida. O longa concorreu ao lado de Moana: Um Mar de Aventuras, Kubo e as Cordas Mágicas, Minha Vida de Abobrinha e o vencedor Zootopia.
O Menino e a Garça (2024)
Agora, mais de duas décadas após receber um Oscar por A Viagem de Chihiro, o estúdio Ghibli e seu diretor Hayao Miyazaki conquistaram sua terceira estatueta. Lançado em 2023, O Menino e a Garça pode ser o último filme do mestre de animação.
Dez anos se passaram desde que o diretor teve um filme indicado na premiação da Academia, mas isso não impactou na forma como Miyazaki trabalha, muito menos na qualidade do que ele entrega. Em O Menino e a Garça, ele reúne todos os elementos de sua vida e carreira, unindo suas questões com a mãe, o pai e seu próprio filho, o também diretor Goro Miyazaki.
Com pouco mais de duas horas de duração, o longa-animado acompanha a história de Mahito, que após a morte da mãe é mandado para a casa do pai e da madrasta. Lá, ele é tentado por uma garça a se aventurar por um misterioso castelo no quintal da propriedade. Ao entrar no local, ele se depara com um mundo completamente diferente do seu e uma missão que o mudará para sempre.
Um dos mais belos filmes de Miyazaki, O Menino e a Garça chegou ao Oscar encarando concorrentes de peso: Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, Elementos, Meu Amigo Robô e Nimona. Ainda assim, o trabalho artesanal do mestre japonês venceu a categoria.
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