O Agente Noturno é talvez uma das séries mais sedutoras da Netflix. Inspirado no livro de Matthew Quirk, o primeiro ano se apresentou como um sofisticado suspense de ação que soube equilibrar ação e drama como poucas produções da plataforma conseguiram - e com bem menos investimento. A resposta do público foi positiva, e o jogo de gato e rato encarado pelo protagonista Peter Sutherland (Gabriel Basso) para solucionar uma conspiração dentro do alto escalão do governo norte-americano ganhou o mundo. Repetir um sucesso deste tamanho em uma segunda temporada sempre foi uma tarefa dificílima, e mesmo a Netflix tem poucos exemplos que realmente conseguiram introduzir algo melhor e diferente em um novo. Felizmente este é o caso de O Agente Noturno.
A segunda temporada começa cerca de 10 meses após o fim do primeiro ano. Peter se juntou à equipe da Ação Noturna como um agente internacional que investiga possíveis conspirações na Tailândia sob o comando de Alice (Brittany Snow), enquanto Rose (Luciane Buchanan) permaneceu nos Estados Unidos para tentar reconstruir sua carreira. Quando a missão de Peter dá errado, ele é obrigado a retornar ao país para desvendar uma nova traição em solo americano, e seu caminho volta a cruzar o de Rose.
Se a própria proposta da Ação Noturna é impedir que agentes ou possíveis traidores tragam problemas para o governo dos EUA, já era de se esperar que Peter e Rose iriam enfrentar uma nova conspiração nessa leva de episódios. Restava saber o quanto uma nova história poderia elevar o nível de tensão mostrado no primeiro ano, e a aposta do showrunner Shawn Ryan não deixou a desejar. A segunda temporada expande os conflitos e coloca não apenas a dupla protagonista, mas a nova líder da agência secreta, Catherine Weaver (Amanda Warren), para ir a campo decifrar mistérios ainda mais perigosos.
Grande parte da temporada realmente acontece dentro da embaixada iraniana nos EUA, onde a secretária Noor (Arienne Mandi) trabalha como agente dupla para ajudar sua família a fugir do Irã, e não mede esforços para fazer isso acontecer. Tratando-se de uma série norte-americana, é um alívio ver atores estrangeiros terem diálogos em sua língua nativa ao invés de usar um inglês com sotaque, e o texto de Ryan sabe aproveitar essas nuances ao fazer das dificuldades de comunicação entre os núcleos um artifício para elevar a tensão.
Assim como no ano anterior, todos esses vários personagens e subtramas convergem em uma corrida de alto risco contra o relógio. É louvável como a série conecta ambos os núcleos de forma orgânica sem apelar para reviravoltas absurdas e sem deixar de respeitar a evolução de seus protagonistas. Se Peter tem ainda mais dificuldades de encontrar aliados após a traição de Diane Farr (Hong Chau), Rose precisa lidar com o trauma da morte de seus tios e dos perigos pelos quais passou no primeiro ano.
Até mesmo o fato de Rose ser uma cidadã comum no meio do mundo da espionagem não é trabalhado de forma simples. A desenvolvedora ganha o respeito de Peter e Catherine e a “oportunidade” de trabalhar em conjunto com a equipe com seus esforços para ajudar na missão, sem a necessidade de que o espectador aceite qualquer justificativa bolada pelo roteiro para ver uma personagem sem qualquer treinamento envolvida em uma investigação.
A segunda temporada também faz um bom trabalho ao retratar a bússola moral de Peter. Sua nova experiência como agente da Ação Noturna o faz tomar decisões questionáveis para alcançar o bem maior, enquanto outras séries do gênero apostam em protagonistas quase perfeitos. As táticas de Peter são diferentes e, por conta disso, suas consequências são ainda maiores - e destrutivas.
Sem baixar a barra do suspense, O Agente Noturno se mostra um exemplo de evolução que uma série de sucesso deveria ter. E um novo ano tão empolgante quanto o anterior sugere que a já confirmada terceira temporada tem tudo para manter a qualidade da produção entre as melhores do catálogo da Netflix.
Criado por: Shawn Ryan
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