Robert Eggers encenou Nosferatu pela primeira vez quando era um estudante do Ensino Médio, com 18 anos recém-completos, escalando a si mesmo como o vampiro do título. A montagem, que foi notada por um produtor de teatro local que apostou no talento do diretor, não só deu o pontapé inicial na carreira de Eggers - ela acendeu sua paixão por contar histórias.
“Certamente, o filme de [F.W.] Murnau teve um grande impacto em mim, inicialmente por causa da performance de Max Schreck e daquela abordagem meio conto de fadas da trama de Drácula”, contou o cineasta ao Omelete. “Mas, conforme eu fui envelhecendo e pesquisando sobre folclore vampírico, ocultismo, histeria, medicina do século XIX… foi ficando claro que a história de Nosferatu era simplesmente um veículo perfeito para mim, por tocar em tantas coisas que me fascinam criativamente”.
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Dessa obsessão amadurecida nasceu um Nosferatu que desdobra a história do vampiro (agora vivido por Bill Skarsgard) e sua fixação com uma jovem recém-casada (Lily-Rose Depp) - tocando em aspectos históricos como a peste negra, os descaso medicinal com a saúde feminina e a relação ambígua do “homem esclarecido” com a magia e o sobrenatural, o longa expande o mapa original criado por Murnau consideravelmente.
“Quando Rob veio conversar comigo sobre fazer Nosferatu, é claro que ele não queria exatamente que eu interpretasse Nosferatu”, lembrou Willem Dafoe, que sagra sua terceira parceria com o cineasta após O Farol e O Homem do Norte. “Ao invés disso, ele me deu esse personagem que, eu sinto, é o avatar dele próprio na história”.
Dafoe fala do Professor von Franz, um médico que foi alienado por seus colegas de profissão graças à sua crença no oculto. Quando fica claro que o sofrimento de Ellen (Depp) é de origem sobrenatural, ele é o único a quem a jovem família da moça pode recorrer.
“Eu acho que estou explorando esse dilema de acreditar ou não no oculto em todos os meus filmes. E o problema com esse tipo de coisa é que, se você aceita a premissa como real, ela passa a ter influência sobre você”, comentou Eggers. “Acho que é por isso que exploro tudo na segurança do cinema, ao invés de mergulhar mais fundo e acabar indo para o hospício”.
Nosferatu estreia em 2 de janeiro de 2025 nos cinemas brasileiros.
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