A Mãe da Noiva (Netflix/Divulgação)

Filmes

Crítica

A Mãe da Noiva reforça lugar da Netflix para comédias água com açúcar

Brooke Shields preserva dignidade em longa previsível de conflito de gerações

13.05.2024, às 15H23.

Deve ser por acaso, mas soa irônico que Brooke Shields, a estrela de Lagoa Azul, programação típica da Sessão da Tarde, seja a protagonista de A Mãe da Noiva, filme com cara de matinê na sua proposta descompromissada. Sem a audiência de outrora, parece que a TV aberta achou seu novo local no streaming e não surpreende que os “filmes para catálogo” tenham esse novo nicho — e A Mãe da Noiva hoje tenha cara de uma comédia-família típica da Netflix.

Na trama, a jovem vivida por Miranda Cosgrove (iCarly) decide se casar na Tailândia e chama a mãe (Shields) para ser madrinha. O que ela não sabe é que, no passado, seu sogro (Benjamin Bratt) destruiu o coração de sua mãe durante um rápido namoro na faculdade. O caos se instala no resort onde a cerimônia vai rolar, ao mesmo tempo que todos se conectam com o passado para tentar entender qual será o futuro.

No que compete a parte de comédia, A Mãe da Noiva segue a receita que se espera dela, uma série de situações constrangedoras e que arrancam com algum esforço um sorriso ao longo dos 90 minutos. Muito disso se deve à química entre Shields e Bratt, que se mostram à vontade no papel do casal em busca de uma ressignificação sem perder o glamour que a vida lhes deu até ali. Os coadjuvantes liderados por Rachael Harris fazem um bom contraponto ao clima água com açúcar, na função (também esperada) de servir de alívio cômico com piadas de duplo sentido que tornam menos pastelão o tom da comédia física, cheia de quedas e tropeços.

Para Brooke Shields resta a dignidade de uma personagem bem escrita, que funciona bem na dinâmica de choque geracional com a filha “influencer”. Ela não trata a realidade da filha noiva com paternalismo ou moralismo — ela apenas não entende esse lugar que não lhe pertence mais, e dessa confusão o filme tira boa parte do seu potencial de se comunicar com seu público, independente da idade. A Mãe da Noiva não tem pretensões de pautar discussões sobre o tema, nem mesmo mergulhar num debate sobre amor e reconciliação, mas sugerir que, por uma hora e meia de entretenimento de matinê, soube encontrar uma história e um olhar para si que não fossem tão genéricos quanto o seu título supõe.

Nota do Crítico
Regular