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Crítica

Maxton Hall sabe se aproveitar de clichês para construir romance adolescente

Série alemã se ampara na química do seu casal de protagonistas

20.05.2024, às 15H25.
Atualizada em 20.05.2024, ÀS 17H01

Maxton Hall não poderia ter uma premissa mais clichê: a aluna bolsista e batalhadora do colégio e o estudante rico e arrogante vivem um conflito e passam a se odiar… até que eles percebem que o ódio pode vir de uma atração maior entre eles. É o arroz com feijão das clássicas histórias “enemies to lovers”, mas os seis episódios dirigidos por Martin Schreier e Tarek Roehlinger se destacam por saber dosar o tempero certo.

Baseada no best-seller Save Me, de Mona Kasten, a produção alemã começa quando Ruby Bell (Harriet Herbig-Matten) vê a irmã gêmea de James Beaufort (Damian Hardung) beijando um dos professores do colégio onde eles estudam. Para proteger a reputação da família – dona de uma famosa marca de moda, que veste de políticos à realeza britânica –, James, então, decide subornar a garota para guardar o segredo, mas ela não aceita o dinheiro.

A partir dali, os dois começam uma verdadeira batalha na escola, de pegadinhas a indiretas. O roteiro de Daphne Ferraro não aposta em levar a rixa ao limite, porém. A série sabe o momento certo de levar os protagonistas a se desculpar, e não tenta acelerar o processo para que eles conheçam um ao outro, passem da atração física e, finalmente, revelem os seus sentimentos. O foco passa a ser vilanizar outra figura, em quem se concentra o discurso contra o elitismo: o pai de James, que é extremamente tóxico com ele, e machista e classista contra ela.

Mortimer Beaufort (Fedja van Huêt) quer que James assuma a liderança da empresa da família (mesmo que seja sua irmã quem traga todas as ideias) e não permite que ele seja visto com qualquer pessoa que ele considere “inferior”. Sua posição de poder também não é só jogada: ele é extremamente articulado e sabe jogar baixo para fazer com que todos ao seu redor o obedeçam.

Claro, Maxton Hall ainda é uma série de romance adolescente que não poupa o uso de todos os clichês do gênero – temos desde uma cena em que ela cai na piscina na frente de todo o colégio e é salva por ele, até ele decidindo se afastar dela “para protegê-la”. Mas Harriet Herbig-Matten e Damian Hardung dividem uma química tão natural que é fácil acreditar e ser consumido por sua história.

A série só falha quando tenta aprofundar seus coadjuvantes. A família de Ruby é um exemplo de”comercial de margarina” apesar das dificuldades, mas só serve para dar um conflito emocional para ela. Lydia (Sonja Weißer) sofre pela impossibilidade de seu romance com o professor, mas é difícil acreditar quando o roteiro mais fala sobre eles do que realmente mostra. Com os amigos de James é a mesma coisa. Eles são um grupo de quatro homens, mas é difícil conseguir se lembrar de cada um individualmente depois que terminamos a temporada.

Felizmente, o grande foco aqui é o casal protagonista, que se ampara por um bom desenvolvimento e uma ótima química. E, claro, depois do final dos seis episódios, que bom que o Prime Video já confirmou uma segunda temporada.

Nota do Crítico
Bom