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Vingadores Ultimato completa 5 anos; a Marvel conseguirá superá-lo?

Fim da Saga do Infinito foi o ápice do MCU, e hoje parece um alvo inalcançável

25.04.2024, às 16H33.
Atualizada em 25.04.2024, ÀS 17H50

Há cinco anos, você provavelmente estava empolgado para ir até uma sala de cinema assistir a Vingadores: Ultimato. Lançado em 25 de abril de 2019, a conclusão da Saga do Infinito do Marvel Studios levava o universo compartilhado por heróis como Homem de Ferro, Capitão América e Homem-Aranha ao seu ápice. O melhor exemplo possível de como toda aquela narrativa construída com talento e (muita) sorte podia elevar o todo, e não só as partes. Hoje, ele parece inalcançável.

Vingadores: Guerra Secretas, o fim da atual Saga do Multiverso, ainda está a alguns anos de distância (atualmente, sua data é 6 de maio de 2027 — alguém confia?), e a já muito analisada crise dos heróis da Marvel no cinema pode muito bem ser solucionada até lá. Há poucos meses, Loki acabou muito bem, e o futuro reserva coisas como O Quarteto Fantástico, que pelo menos no elenco parece promissor. Mais imediato é o lançamento de Deadpool & Wolverine, certamente o grande blockbuster de 2024, e a julgar pela empolgação com seus trailers, o retorno do bom e velho hype.

Mas Deadpool & Wolverine também reflete a dificuldade da Marvel atual. Contando mais uma vez com Ryan Reynolds no papel do mercenário tagarela, o filme traz Hugh Jackman de volta ao papel que viveu por 20 anos e que encerreu de maneira poética em Logan, literalmente segurando a mão de uma nova geração de heróis que deveria continuar a história. Em outras palavras, Deadpool & Wolverine vai apelar para a nostalgia. A história não vai continuar.

O que tornou Ultimato tão incrível, e que cinco anos depois faz sua existência ficar ainda mais impressionante, é que ele foi construído sem usar essa muleta. Nostalgia é bacana (eu estaria mentindo se falasse que não adorei rever Tobey Maguire Andrew Garfield em Homem-Aranha Sem Volta Para Casa), mas ela só existe se, primeiro, tivermos boas histórias. Foi isso que a Saga do Infinito teve aos montes, mesmo quando seus filmes não eram os melhores (você já revisitou Thor?), e que Ultimato amarrou com perfeição.

O feito foi tanto que até filmes antes desprezados, como Thor: O Mundo Sombrio, foram quase redimidos no filme. Acidentes felizes pareciam, retroativamente, sacadas geniais. O filme aproveitou o bom e relevou o ruim do MCU para potencializar tudo numa onda de catarse dramática inevitável e necessária. A tal narrativa. Pra onde ela foi?

Para ser justo, Kevin Feige e sua turma até tentaram emplacar uma nova leva de personagens, mas o ritmo de produção e quantidade de lançamentos roubaram as chances de boa parte dos filmes e séries desta última meia década de alcançarem seu potencial. Florence Pugh Hailee Steinfeld conquistaram o público, mas ainda não estiveram em algo icônico dentro do MCU.

Então, o que vai acontecer quando Guerras Secretas chegar? Maguire, Garfield, Jackman e quem sabe até Robert Downey Jr.Chris Evans certamente estarão lá, com a desculpa do multiverso servindo para ativar a nostalgia; um eterno atalho. Vai ser legal finalmente realizar o sonho de fã de quadrinhos de olhar Wolverine e Homem-Aranha lado a lado na telona, mas é difícil imaginar que isso superará os anos de construção dos Vingadores originais.

Como falei neste texto, o arco dos personagens de Downey Jr. e Evans é o melhor exemplo de como a Marvel soube acertar. De sua amizade inicial à racha de Guerra Civil, levando ao eventual reencontro em Ultimato; tudo estava enraizado em decisões guiadas pelos personagens e pelas personalidades de seus intérpretes. Ultimato é o que é porque nosso laço com esses heróis era merecido, e encerrá-lo trazia com si uma enorme carga emocional. Se Guerras Secretas apostar apenas em heróis estabelecidos fora do MCU, seus méritos serão meramente herdados.

Marvel Studios / Sony Pictures

Guerras Secretas de Jonathan Hickman, a provável inspiração para o próximo grande crossover do MCU, é minha história favorita da Marvel, mas assim como Ultimato, ela foi construída cautelosamente ao longo de quadrinhos e quadrinhos por anos, e a decisão de Hickman de centrá-la no conflito Reed Richards e Victor Von Doom foi uma clara e bem-sucedida maneira de fechar o ciclo que ele começou na revistinha do Quarteto uma década antes do evento que será, agora, adaptado para as telonas.

A questão é: quando isso chegar, em quem estaremos, emocionalmente, investidos? Há candidatos. Loki de Tom Hiddleston, Peter de Tom Holland e Wanda de Elizabeth Olsen estão entre os maiores acertos do mundo pós-Thanos, e merecem a oportunidade de liderarem Guerras Secretas como seus antecessores fizeram em Ultimato. Vai ser legal ver Jackman, Downey Jr. e afins, mas se a Marvel quer superar Vingadores: Ultimato, um filme que criou ondas nostálgicas numa geração (cinco anos na era da internet é uma eternidade), então só mais nostalgia não é suficiente. Precisa haver história.