Só a Marvel consegue ser a Marvel. A mistura de ação, verborragia, personagens extravagantes e humor, que a editora tornou famosa desde a década de 1960 nos quadrinhos, só funciona mesmo de verdade nas telonas dentro de casa. Enquanto diversos estúdios tentam adaptar a fórmula criada pela dupla Stan Lee e Jack Kirby para os cinemas com uma certa "vergonha", sempre tentando transformar aqueles supercoloridos heróis em algo mais realista e sisudo, o Marvel Studios abraça a deliciosa natureza de suas criações.
Thor 2 - O Mundo Sombrio
Thor - O Mundo Sombrio (Thor - The Dark World) é uma ensandecida mistura de referências, não apenas ao Universo Marvel, mas também à cultura pop em geral. A espalhafatosa aventura pouco fica na Terra, mostrando mais de Asgard e outros reinos fantásticos, que se parecem visualmente ora com Alien/Prometheus, O Senhor dos Anéis, Game of Thrones e até umas pitadas de Harry Potter. O resultado é muito melhor que o primeiro filme e agrada pelo equilíbrio. As piadas entram nas horas certas, não desmerecendo o drama ou a ação. Cada um dos núcleos (o terrestre e o asgardiano) têm suas funções bem definidas, evitando os erros do filme anterior.
A trama começa depois de os eventos de Os Vingadores. Loki (Tom Hiddleston) está preso em Asgard, que celebra as últimas batalhas pela pacificação dos Nove Reinos. A hora de coroar um novo rei se aproxima, mas uma ameaça ancestral ressurge na forma de Malekith, O Maldito (Christopher Eccleston), o rei dos Elfos Negros, uma raça que foi subjugada há 5 mil anos pelo avô de Thor, Bor, e que se acreditava destruída.
O novo Thor é melhor do que o primeiro em tudo. A escala da ação é épica (a batalha de Asgard é excelente!), o drama é real e o humor é engraçadíssimo. Mas também no design o longa merece elogios. Cada aspecto das civilizações retratadas é bem explorado e desenvolvido. O séquito e a nave de Malekith são um espetáculo à parte, assim como a nova tecnologia asgardiana (as naves, as armas, os exércitos). A arquitetura da cidade, um dos trunfos do primeiro filme, agora ganha companhia, afinal.
Lamentavelmente, a história continua tendo seus pontos fracos. Há uma coincidência relacionada a Jane Foster (Natalie Portman) que é preguiça de roteiro. Entende-se que o filme precise relacionar seus dois núcleos e dar importância à "mocinha", mas há improbabilidades colossais aí. A primeira é que Jane, ainda que estivesse buscando anomalias como a que trouxe Thor à Terra, estava justamente no lugar e na hora certa de cair em uma. A outra é que, com tantos destinos, fosse parar especificamente no local (supostamente inexpugnável - e ao qual nenhum outro portal retorna ao longo do filme) onde está guardada a arma definitiva de Malekith, uma que ele precisa para deflagrar seu plano - que envolve um alinhamento de universos que, pasme, está justamente prestes a ocorrer. As motivações genéricas do antagonista (devolver a escuridão ao universo só é mais batida que dominar o mundo) também são um tanto cansadas, mas ele é tão cheio de presença que é possível não ligar. Afinal, no Universo Marvel das telas o favorito dos fãs, Loki, precisa reinar sozinho.
Nada que prejudique demais a experiência, porém. Thor - O Mundo Sombrio é um passo adiante tanto para a franquia como para o Universo Marvel cinematográfico, e introduz uma sequência durante os créditos relacionada a Guardiões da Galáxia que promete o filme mais insano da empresa até aqui. A Marvel deve seguir sendo a Marvel por mais algum tempo, felizmente.
Ano: 2013
País: EUA
Classificação: 10 anos
Duração: 112 min
Direção: Alan Taylor
Elenco: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tom Hiddleston, Anthony Hopkins, Christopher Eccleston, Jaimie Alexander, Zachary Levi, Ray Stevenson, Tadanobu Asano, Idris Elba, Rene Russo, Stellan Skarsgård, Adewale Akinnuoye-Agbaje, Kat Dennings, Alice Krige, Clive Russell, Stan Lee, Chris O'Dowd, Tony Curran, Talulah Riley, Richard Brake, Richard Wharton, Chris Evans, Ophelia Lovibond, Benicio del Toro, Jonathan Howard
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