A segunda temporada de A Casa do Dragão finalmente está chegando, mas a primeira leva de episódios foi exibida há quase dois anos - ou seja, levando em consideração a quantidade de detalhes que as tramas de Westeros oferecem, muitos elementos importantes podem ter sido esquecidos.
Mas não se preocupe: reunimos aqui os principais pontos que você precisa lembrar para estar pronto no domingo (16) e só dar play no episódio - vem conferir!
Sucessão enrolada
As regras de sucessão em Westeros são complicadas e muitas vezes decididas a partir das situações que se apresentam no momento. Ao final do reinado de Jaehaerys I (que dá o início na série), um grande conselho foi convocado para decidir quem o sucederia, tendo em vista que seus próprios filhos já tinham morrido ou não podiam assumir por uma variedade de motivos - a responsabilidade cairia, portanto, à primeira neta do rei, Rhaenys; ou ao seu primeiro neto, Viserys, que acabou sendo o escolhido. Assim, foi criado um precedente que colocava um filho homem à frente de uma filha mulher, mesmo sendo essa a primogênita.
Porém, décadas mais tarde, o único filho homem que o rei Viserys I gerou com sua primeira esposa morreu junto com ela no parto. Assim, Viserys tinha apenas uma filha, Rhaenyra, e declarou ela como sua herdeira legítima, independente de filhos que pudesse ter no futuro. A promessa foi feita diante dos lordes de Westeros, que se juramentaram à ela, e a jovem princesa foi treinada para assumir o lugar de seu pai quando a hora chegasse.
Anos depois, Viserys I tomou uma nova esposa, lady Alicent da Casa Hightower, e com ela teve mais filhos, inclusive um primogênito do sexo masculino, Aegon. Assim, apesar do juramento do reino para com Rhaenyra, começou um burburinho alimentado pelos Hightower sobre iminentes mudanças na sucessão. Afinal, segundo o precedente do grande conselho de Jaehaerys, que escolheu Viserys ao invés de Rhaenys, um filho homem de um segundo casamento viria antes que sua irmã mais velha na linha de sucessão.
Esse raciocínio foi enfaticamente negado por Viserys I, que voltou a reafirmar a filha como sua herdeira legítima mesmo após o nascimento de seus filhos homens. O reino, então, se dividiu informalmente entre aqueles que concordavam com o rei e mantinham sua lealdade ao lado de Rhaenyra, e aqueles que acreditavam que Aegon deveria subir ao Trono de Ferro após a morte do pai - estes últimos, é claro, liderados por sua mãe e avô.
Com o fim de Viserys chegando e sua saúde deteriorada, ele teve uma conversa meio delirante com Alicent, e a rainha acabou entendendo que o rei desejava mudar a sucessão em seu leito de morte - o que não era verdade, já que ele estava falando sobre um sonho com Aegon, o Conquistador e suas profecias para o futuro. Alicent usou esse fato distorcido para fundamentar sua reivindicação e coroou seu filho Aegon quando o rei morreu.
Rhaenyra, é claro, não gostou nada de descobrir a traição de sua própria família e não abriu mão de seu próprio direito ao Trono de Ferro, sendo coroada por seu tio e marido, Daemon, em Pedra do Dragão. Assim, começamos a segunda temporada de A Casa do Dragão: com duas pessoas diferentes se declarando soberanas de Westeros, e o reino dividido entre quem apoia cada um deles.
Rhaenyra e Alicent
A relação de Rhaenyra e Alicent é antiga. Na juventude, as duas eram amigas próximas e compartilharam muitos momentos e sonhos pela Fortaleza Vermelha. Quando mais velhas, as coisas começaram a se complicar entre elas: Alicent se casou com Viserys, o pai da amiga, e ficou muito magoada quando a princesa escondeu dela as suas aventuras proibidas por Porto Real. Vale lembrar que a própria rainha estava em uma posição vulnerável na corte e era muito rígida com relação aos seus valores morais e a Fé dos Sete. Por isso, ela começou a reprovar muitos dos comportamentos mais liberais da amiga, gerando um grande ressentimento.
Assim, a relação já se encontrava bastante desgastada na primeira fase da série, com ambas cultivando um sentimento de traição em relação à outra. Tudo ficou muito pior quando Rhaenyra teve filhos, os quais Alicent (e muitos outros) sabiam ser fruto de um caso extraconjugal da princesa, o que gerou cada vez mais julgamentos por parte de Alicent e aumentou a oposição entre elas. A existência de um filho homem da rainha com Viserys não ajudou em nada, já que a questão começou a virar política com Alicent tramando contra a reivindicação de Rhaenyra ao trono para colocar Aegon em seu lugar.
Treta entre os filhos
É claro que a rivalidade não ficou restrita à dupla, e logo os seus filhos passaram a se odiar. A briga principal é entre os dois filhos homens mais velhos de Alicent, Aegon e Aemond; e os três mais velhos de Rhaenyra, Jace, Luke e Joffrey. Os primeiros viviam chamando os sobrinhos de bastardos Strong em referência ao boato (verdadeiro) de que seriam filhos de Rhaenyra com o amante Harwin Strong, ao invés de com o marido Laenor Velaryon, o que causava ressentimento e alimentava a rixa.
A situação escalou muito rápido na noite em que Aemond foi reivindicar Vhagar, já que a dragão era a antiga montaria de Laena Velaryon e uma de suas filhas, Baela e Rhaena, esperava montá-la. As garotas, filhas também de Daemon Targaryen e portanto duplamente próximas dos garotos de Rhaenyra, foram confrontar Aemond, que não deixou para lá e começou uma briga. Nisso, Luke, Jace e Joffrey se meteram, e Luke acabou ferindo gravemente um dos olhos do filho de Alicent, fazendo com que o garoto usasse um tapa-olho daí em diante.
Essa briga nunca foi esquecida por eles - nem por suas mães -, e a rivalidade só foi cozinhando em fogo baixo com o passar dos anos. Até que as tensões voltam a se inflamar no jantar de família em que Rhaenyra e Alicent ensaiam uma trégua, e fica bastante claro que Aemond não está disposto a deixar o episódio ficar no passado.
Com Viserys morto e tanto Aegon quanto Rhaenyra coroados, uma coincidência trágica ocasiona um dos episódios mais devastadores da Dança dos Dragões, e também o pontapé para a guerra começar de verdade. Aemond e Luke são mandados a Ponta Tempestade ao mesmo tempo para buscar uma aliança, e na hora de sua partida, Luke e seu dragão Arrax são mortos por Vhagar (propositalmente ou não) montada por Aemond. Como é de se imaginar, a morte de seu segundo filho mais velho deixa Rhaenyra, que já tinha acabado de perder uma bebê, completamente arrasada. As consequências dessa morte, vista como um ato de guerra, devem acontecer logo no início da nova temporada.
Verdes e Pretos
Toda a questão da sucessão dividiu o reino em dois: aqueles que apoiam a reivindicação de Aegon ao Trono, e aqueles que permanecem fiéis ao juramento que determinou Rhaenyra como a futura rainha de Westeros. Esses lados ficaram conhecidos como os Verdes (ou Conselho Verde) e os Pretos (ou Conselho Preto), respectivamente.
Os Verdes, apoiadores de Aegon e liderados por Alicent e Otto Hightower, além de Aemond Targaryen, receberam esse nome pela cor do vestido usado por Alicent em um jantar emblemático. Além disso, claro, é a cor da casa Hightower. Dentre os seus principais aliados, estão Sor Criston Cole, Lorde Larys Strong, Grande Meistre Orwille e Sor Tyland Lannister, assim como o resto da Casa de Rochedo Casterly.
Já os Pretos, leais à Rhaenyra, têm como seus principais líderes ao lado da Rainha o príncipe Daemon Targaeryen, a princesa Rhaenys e seu marido Lorde Corlys Velaryon. Assim como no caso dos Verdes, o nome vem do vestido usado por Rhaenyra na tal ocasião, o que também remete às cores do estandarte Targaryen. Entre os outros nomes desse “time” estão os muitos filhos de Rhaenyra e de Daemon e os lordes juramentados a Pedra do Dragão.
Ao final da primeira temporada, os dois times começaram suas buscas por reafirmar e estabelecer alianças sólidas, seja através de cartas ou enviando emissários. Rhaenyra enviou os filhos mais velhos em busca do apoio de Ponta Tempestade, Winterfell e Ninho da Águia após confirmar o apoio dos Velaryon, que permanecia incerto mesmo após as alianças de casamento entre as gêmeas de Daemon e Laena e os herdeiros de Rhaenyra com Laenor. O lado Verde não fica atrás, e também está em busca de aliados - o que deve aparecer nesse início de temporada.
O sonho do dragão
As principais conexões da série com Game of Thrones ficam por conta de Aegon, o Conquistador, curiosamente. Isso porque uma antiga conhecida dos fãs de GOT - a adaga de Tyrion que quase matou Bran, e depois matou o Rei da Noite pelas mãos de Arya - aparece em posse de Viserys revelando uma profecia que remonta ao primeiro rei de Westeros!
Em resumo, esse segredo que é passado de geração em geração dos soberanos se refere a um Targaryen que estaria no Trono quando os mortos se levantassem e então deveria salvar o reino dessa ameaça vinda do Norte - ou seja, o episódio que conhecemos como a Longa Noite. Viserys conta sobre isso para Rhaenyra após escolhê-la como sua herdeira, e a jovem princesa guarda o segredo, com a informação pesando em suas decisões a partir de então.
Além disso, Viserys tem os chamados “sonhos de dragão”, que são nada menos que sonhos supostamente proféticos que mostram ao rei as mais diversas situações, principalmente aquelas relacionadas ao futuro de sua família e do reino. Mas ele não é o único da família a ter habilidades proféticas: ao que parece, sua filha Helaena teria herdado esse “dom da família” e apareceu em cena com algumas falas que se revelaram profecias do futuro.
