O diretor James Mangold está ciente dos paralelos que podem ser feitos entre seu novo filme, Indiana Jones e a Relíquia do Destino, e um outro longa de franquia que ele assinou, lá em 2017: Logan. Ambos, afinal, sinalizam a aposentadoria de um ator (Harrison Ford e Hugh Jackman, respectivamente) do personagem que o tornou mais famoso, marcando décadas do cinemão americano e reunindo milhões de fãs durante o processo.
Como o cineasta conta ao Omelete, a semelhança não é tão acidental: “Sempre que trabalho dentro de franquias, tento me certificar de que não estou só fazendo o capítulo do meio de uma série. Eu sou meio antiquado, porque gosto de fazer histórias com começo, meio e fim. Todas as formas através das quais as histórias que eu conto se conectam com o passado são maravilhosas, mas tento me certificar de que elas fazem sentido sozinhas.”
Na visão de Mangold, seu trabalho é “localizar o que existe de único” dentro da história que vai contar por duas horas - e uns trocados. E é aí que as diferenças entre Wolverine e Indiana Jones começam a ficar mais pronunciadas do que as semelhanças.
“Em Logan, estava lidando com um personagem que passou quase toda a sua vida sendo torturado, vivendo em um mundo no qual suas escolhas se limitavam a ser uma arma ou se esconder da sociedade. Então, para ele, a morte parece uma salvação”, explica. “Do jeito que tentamos desenvolver, os últimos 30 segundos da vida dele provavelmente foram os melhores 30 segundos da vida dele.”
Não é exatamente esse o clima da franquia Indiana Jones, né? “É muito diferente. Pegando a deixa da performance de Harrison, do seu humor e de seu charme, esses filmes são aventuras mais leves, inspiradas na era de ouro de Hollywood”, reflete Mangold.
Só um cinema
O diretor, que entre blockbusters também trabalhou em produções mais, digamos, alternativas (Garota, Interrompida) e acadêmicas (Johnny & June), se posiciona contra a separação entre cinema comercial e “aquele tipo de filme que aborda os problemas das pessoas, que fala da condição humana”.
“O meu maior desafio como diretor, o núcleo do meu trabalho, é me certificar de que os filmes tenham coração, que os atores tenham espaço para trazer humanidade para ele”, explica. “Para mim, não existe razão nenhuma para um filme deste tamanho não ter humanidade. Na minha opinião, o nosso objetivo deve ser criar um espetáculo que também traga para a tela as maravilhosas contradições da condição humana.”
Mangold admite que fazer isso é “um grande desafio” em meio a “toda a tecnologia, a infraestrutura, a escala da equipe que trabalha em um filme” como A Relíquia do Destino.
“Toda cena de ação é planejada em um storyboard, mas um computador não pode te mostrar como preservar o coração de uma história. Essas coisas têm que acontecer organicamente, a partir da interação entre os atores, entre as outras pessoas da equipe, entre todo mundo e o roteiro. Encontrar um momento humano honesto dentro de uma história é um tipo diferente de efeito especial”, completa.
Indiana Jones e a Relíquia do Destino chega aos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira (29).