Com Carinho, Kitty se encontra no K-Drama em história para Geração Z

Créditos da imagem: Netflix/Reprodução

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Crítica

Com Carinho, Kitty se encontra no K-Drama em história para Geração Z

Derivado de Para Todos os Garotos se apoia em conveniências pouco criativas, mas entrega boas reviravoltas

Omelete
4 min de leitura
22.05.2023, às 15H50.
Atualizada em 23.05.2023, ÀS 12H57

Quando foi lançado em 2018, Para Todos os Garotos Que Já Amei mostrou que a comédia romântica - gênero desprestigiado no cinema em meio à crise dos filmes de médio orçamento - poderia não apenas sobreviver no streaming como também alcançar uma nova leva de espectadores. A Geração Z é justamente o público-alvo de Com Carinho, Kitty, derivado que se desprende do tom romântico e delicado de Para Todos os Garotos para investir mais no K-drama, nome dado aos dramas sul-coreanos.

Com a jornada de amadurecimento de Lara Jean (Lana Condor) encerrada após o terceiro filme, a Netflix e Jenny Han, autora das obras originais e produtora nos longas, enxergaram potencial em Kitty (Anna Cathcart) - a irmã mais nova, extrovertida e com dom de “unir casais” - de ter uma história para chamar de sua numa série própria. Na trama, Kitty está com 15 anos e consegue uma bolsa na KISS, colégio internacional na Coreia do Sul que sua falecida mãe frequentou e onde hoje estuda o namorado de Kitty, Dae (Minyeong Choi).

A série já apela às conveniências de roteiro para traçar essas conexões e dar o contexto das novas aventuras de Kitty, como se inscrever num colégio internacional sem o consentimento do pai, ficar no dormitório dos garotos por um bom tempo ou invadir a sala de registros de um hospital impunemente. O primeiro episódio é do despejo de informação: Kitty conhece Yuri (Gia Kim), sua colega de escola, que por ser herdeira de uma família importante acaba envolvendo Dae em um falso namoro por manobra política. Segredos do passado e o triângulo amoroso abalam os dias de Kitty na série.

Por estar situada em Seul, capital da Coreia do Sul, a série emula os elementos de k-dramas para conduzir a história de Kitty, o que talvez exija do público um ajuste de expectativas na primeira metade dos dez episódios. O problema não é se basear nos mesmos artifícios das novelas coreanas, mas habituar quem acompanhou a trilogia de Para Todos os Garotos - onde as conveniências de roteiro e os clichês eram empregados com desenvoltura - a uma dinâmica no derivado que pode soar constrangedora, nessa tentativa de se apropriar de um estilo narrativo “importado” com suas regras próprias.

No arco do casal principal, a série cria muitas situações rocambolescas para que Dae nunca consiga explicar para Kitty o motivo de estar namorando Yuri, o que talvez frustre mais o espectador do que a protagonista. É perceptível que tanto Jenny Han, que atua como showrunner da série, quanto a diretora Sascha Rothchild (The Bold Type) estão pisando em um solo desconhecido, mesmo que Han seja descendente de sul-coreanos e, como tal, pode ter mais familiaridade com os k-dramas. A mudança de longa-metragem para série, e o fato de não ter o apoio de uma obra literária para se basear, como no caso de Para Todos os Garotos, pode explicar porque o derivado patina de início.

Por sorte, a sensação de estranheza some assim que o conflito principal é resolvido e novos casais são formados. A partir disso, Com Carinho, Kitty mostra a sua potência ao ser leve, ousada com reviravoltas e viciante de assistir. Coadjuvantes vão se desenvolvendo ao longo dos capítulos - ora são rivais, ora amigos, ora interesses amorosos. A série sabe muito bem dosar essa fluidez de lados sem cair no arbitrário, e consegue também abordar as dúvidas e inseguranças que cada personagem vai tendo de maneira bastante afetiva e humana, como interesse por outro gênero e conflitos familiares.

Yuri e o amigo de Dae, Min Ho (Sang Heon Lee), começam como antagonistas, por exemplo, mas se desenvolvem de forma inesperada. Enquanto isso, Q (Anthony Keyvan), amigo de Dae, vai além do estereótipo de “amigo gay que ajuda protagonista” e ganha seu espaço de crescimento em um relacionamento homossexual conflitante. Claro, todos os jovens são impulsivos e voláteis, mudando constantemente a dinâmica do triângulo amoroso entre eles, o que parece bem colocado para espelhar essa fase jovem de hormônios à flor da pele - e também para justificar a duração mais longa desse derivado.

Além de explorar a sexualidade e o amadurecimento dos adolescentes, Com Carinho, Kitty apresenta a protagonista, americana com ascendência coreana, tendo esses choques culturais no país de seus antepassados, e aborda com leveza essas diferenças. No fim, o ajuste às regras do k-drama acabam fazendo parte dessa adaptação - tudo isso ao som de vários k-pop com BTS, BLACKPINK e Stray Kids, ao lado da já obrigatória "Everybody Wants to Rule the World", do Tears for Fears, que marcou o terceiro longa da franquia.

Nota do Crítico
Ótimo
Com Carinho, Kitty
Em andamento (2023- )
Com Carinho, Kitty
Em andamento (2023- )

Criado por: XO, Kitty

Duração: 1 temporada

Onde assistir:
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