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Ted 2 | Crítica

Continuacão esquizofrênica coloca em curto-circuito o jeito Seth MacFarlane de ser

28.08.2015, às 00H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H47

Tem aquela tirada conhecida em South Park que diz que as piadas das séries de Seth MacFarlane, como Family Guy, são escritas por peixes-bois que simplesmente juntam temas e situações sem nexo com personalidades e obras de cultura pop. Assistir às séries e aos filmes de MacFarlane, um depois do outro, sem dúvida vai aos poucos tornando mais claro esse processo - que à primeira vista parece anárquico mas tem mesmo muito de previsível.

Ted 2, a continuação de Ted, não apenas sofre com essa previsibilidade - depois que o primeiro filme tomou de surpresa a bilheteria em 2012 com sua fofura politicamente incorreta - como provoca um curto-circuito no modus operandi de MacFarlane, porque é um filme que tenta se enquadrar em formatos hollywoodianos consagrados (do musical à Bob Fosse nos créditos iniciais até o drama de tribunal) sem abrir mão de sua vocação iconoclasta, e que tenta também tocar em temas sérios (minorias, direitos civis) sem deixar de ser escrachado.

Na trama, depois de casar-se, enfrentar uma crise matrimonial e decidir ter um filho para salvar seu casamento, o urso de pelúcia desperta a atenção do governo, que decide que Ted não apenas é um objeto e não pode ser pai, como também nem poderia ter se casado em primeiro lugar. Ted perde seus direitos, e aí entra uma jovem advogada (Amanda Seyfried) que tem tudo para ajudá-lo e também curar o coração de Mark Wahlberg, abalado porque Mila Kunis não retorna na continuação.

À parte os erros de cálculo de MacFarlane - como tornar Wahlberg um coajuvante de luxo, e nos momentos cômicos o ator mostra como seu potencial é desperdiçado - o problema de Ted 2 é mesmo sua incapacidade de conciliar interesses opostos. É um filme de tiração de sarro, por exemplo, mas ao mesmo tempo cenas como toda a sequência na New York Comic-Con são um desfile de merchands chapa-branca.

Seth MacFarlane precisa decidir, afinal, se está dentro ou fora da máquina. Com os anos, tem se aproximado mais do establishment hollywoodiano (o que culminou na sua terrível experiência como apresentador do Oscar) e seu tipo de humor de repertório pop, que depende de uma postura de outsider para rir de todo esse establishment, tende então a rodar em falso. Nisso resulta um filme como Ted 2, que simplesmente não encontra seu lugar no mundo.

Nota do Crítico
Regular
Ted 2 (2015)
Ted 2
Ted 2 (2015)
Ted 2

Ano: 2015

País: EUA

Classificação: 16 anos

Duração: 100 min

Direção: Seth MacFarlane

Roteiro: Seth MacFarlane, Alec Sulkin, Wellesley Wild

Elenco: Liam Neeson, Mark Wahlberg, Amanda Seyfried, Patrick Warburton, Dennis Haysbert, Sam J. Jones, Richard Schiff, Bill Smitrovich, Seth MacFarlane

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