Gabriele Amorth em cena do documentário O Diabo e o Padre Amorth

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Quem foi o padre Gabriele Amorth, que inspirou O Exorcista do Papa?

Exorcista oficial da Igreja Católica durante mais de 30 anos, ele alegou, enquanto vivo, ter feito mais de 70 mil exorcismos

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4 min de leitura
07.04.2023, às 18H13.
Atualizada em 07.04.2023, ÀS 18H24

O tema do exorcismo é um dos que mais gera curiosidade e debate entre os fãs de terror. Há aqueles que não acreditam e outros que não duvidam da possibilidade. De toda forma, o gênero abordou isso já de diversas maneiras ao longo dos anos, sendo talvez a mais conhecida versão no cinema, em O Exorcista, de 1973, dirigido por William Friedkin.

A obra fez imenso sucesso e chegou nos cinemas italianos no período, despertando o interesse de um nome, até então, não tão reconhecido internacionalmente. Era o padre Gabriele Amorth, na época um estudioso religioso. Ele teria se comunicado com Friedkin, como o cineasta descreve no documentário O Diabo e o Padre Amorth, de 2017, e dito que o longa traduzia o trabalho dele de forma quase fiel, apenas exagerando nos efeitos. Amorth sempre foi interessado no tema do exorcismo e, assim, em 1986 foi nomeado como exorcista oficial da Igreja em Roma – título que teve até a morte.

O padre terá agora sua versão oficial para o cinema com O Exorcista do Papa, protagonizado por Russell Crowe. A história se baseia em parte dos arquivos reais de Gabriele, que dizia ter feito mais de 70 mil exorcismos. O padre morreu em 2016, em decorrência de problemas no pulmão.

Nascido em 1925 na cidade de Moderna, na Itália, Amorth começou a trajetória na religião ainda cedo. Só que antes de ingressar de vez nos ensinamentos religiosos, ele participou da luta ativa contra Mussolini, o ditador fascista do país. Por isso, inclusive, recebeu a Medalha da Libertação pelo prefeito de Roma em 2016 pela ajuda na luta contra o fascismo e o nazismo. Aos 30 anos, Amorth se tornou sacerdote católico romano e seguiu o caminho da fé.

Mais do que apenas o trabalho como exorcista, Amorth tem sua relevância para a Igreja Católica por causa do trabalho que fazia para divulgar o assunto. Em 1990, por exemplo, fundou a Associação Internacional dos Exorcistas, que só viria a ser reconhecida oficialmente como um órgão do Vaticano em 2014, pelo Papa Francisco.

Além disso, ele escreveu livros ao longo da vida, explicando todo o trabalho que fazia. Entre eles, estão: Exorcistas e Psiquiatras, Um Exorcista Conta-nos e Memórias de um Exorcista.

Em 2012, durante uma entrevista para o jornal italiano Libero, detalhou o primeiro encontro com o diabo durante uma sessão de exorcismo.

Tive a distinta sensação de uma presença demoníaca próxima de minha testa. Senti o demônio me observando, me examinando, movendo-se ao meu redor. O ar ficou gelado. Um amigo exorcista já havia me contado sobre essas mudanças bruscas de temperatura. Mas, uma coisa é ouvir dizer, e outra viver a experiência. Na hora tentei me concentrar. Fechei os olhos e segui minha oração”, contou.

Apesar de receber cerca de 600 pedidos diários enquanto era vivo, nem sempre ele aceitava. Em alguns casos, o padre Gabriele dizia que a pessoa precisava de uma ajuda profissional de psicólogos. Apenas em situações de certeza quase absoluta, é que ele aceitava o trabalho de desfazer uma possessão. Mesmo assim, nem todos os casos se tratava verdadeiramente de uma “possessão demoníaca”. De acordo com ele, ao longo de sua vida foram 94 casos verdadeiramente complicados.

Polêmicas

Apesar de surpreendente, a vida do padre não foi marcada apenas por fatos positivos. Ao longo das entrevistas e dos anos ativo, deu variadas declarações polêmicas. Entre elas, está a de que a prática da ioga e Harry Potter eram coisas do demônio. Sobre o segundo, ele comentou que “a magia é sempre um caminho para o diabo” e que as produções da saga influenciavam os jovens.

Além disso, Gabriele também já fez afirmações contrárias a outras religiões, como hinduísmo, e falou em diversos momentos contra o casamento de pessoas do mesmo sexo.

Outro caso que chamou atenção foi um comentário de Amorth sobre o caso da estudante Emanuela Orlandi, que desapareceu em Roma em 1983. Na época, ele alegou que ela havia sido sequestrada para uma festa de sexo por uma gangue que mesclava a polícia do Vaticano e diplomatas. Depois disso, ela teria sido assassinada e seu corpo, eliminado. Ele ainda completou relatando que casos similares aconteciam no país. Os investigadores chegaram a averiguar a acusação, porém não encontraram provas, e Gabriele Amorth nunca mais falou nada sobre o assunto.

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