Cena de Oh, Hi! (Reprodução)

Créditos da imagem: Cena de Oh, Hi! (Reprodução)

Filmes

Crítica

Oh, Hi! reflete relacionamentos contemporâneos com insight e humor vacilante

Mistura de comédia e thriller nem sempre convence - mas merece uma chance

Omelete
3 min de leitura
28.01.2025, às 06H00.

Difícil escapar da sensação que Oh, Hi!, de certa maneira, é um ato de cinema-terapia. Como todo millennial, a diretora e roteirista Sophie Brooks, assim como a coautora do script e estrela do filme, Molly Gordon, têm reclamações a fazer sobre o estado deteriorado do cenário romântico contemporâneo. A incerteza das relações que se formam após dois ou três encontros, a dificuldade de defini-las diante de um tempo em que é cool “rejeitar rótulos”, o fato que estamos todos buscando por afeto, mas tantos de nós são incapazes de aceitá-lo quando o encontramos… tudo isso está em Oh, Hi!, sim, mas a escolha mais esperta que Brooks e Gordon fazem é colocar tudo isso em um contexto completamente absurdo.

Quando Iris (Gordon) e Isaac (Logan Lerman) decidem passar um fim de semana romântico em uma cabana afastada, à título de quarto ou quinto encontro de um relacionamento que está apenas começando, as ideias diferentes que os dois nutrem sobre o nível de comprometimento um com o outro se combinam com uma tentativa desafortunada de apimentar o sexo na relação para formar a receita do desastre. As coisas escalam rápido aqui, e Oh, Hi! não tem medo de extrapolar as circunstâncias para pintar os seus personagens como encarnações literais de arquétipos do romance contemporâneo - o cara com medo de compromisso vs. a moça obcecada que quer convencê-lo do contrário.

Quando se foca nesse embate, o filme decola, até porque tem dois intérpretes comprometidos e carismáticos em seu centro. A familiaridade de Gordon - que tem se provado uma estrela em ascensão com papéis em O Urso e Shiva Baby - com o material do roteiro permite que ela module o retrato de Iris para extrair o máximo de risadas nervosas do público masculino e risadas de identificação do feminino, sem alienar nenhum dos dois. Já Lerman sabe como se encoraçar de um charme reservado que garante que nos envolvamos no romance do casal, mas nunca aceitemos totalmente a verdade dele. É uma magia importante para que o filme funcione: precisamos torcer por esses dois, mas nunca confiar neles.

É quando tenta adicionar elementos a essa receita que o filme de Brooks se desequilibra um pouco. Enquanto o início de Oh, Hi! aposta muito no humor da surpresa, por exemplo, introduzindo rompantes de desastre e quebras de expectativa no fim de semana romântico do casal, a partir do segundo ato - especialmente com a introdução de três novos personagens - o foco passa para uma sucessão de diálogos espertinhos que nem sempre convence. Ao mesmo tempo, a elaboração estética competente, mas pouco inspirada, da diretora vai se mostrando cada vez mais uma limitação para os caminhos que o filme pode tomar a partir daquele limiar em que é preciso desenrolar, e não enrolar, a premissa.

Quando chega no ponto de uma reviravolta telegrafada a quilômetros de distância, lá no terceiro ato, Oh, Hi! já perdeu o pique há muito tempo. Gordon e Lerman, é claro, seguem segurando com firmeza o arco de seus personagens, e a visão clara que o roteiro tem de como resolver o conflito entre eles mostra que Brooks é uma autora fiel aos insights mais fundamentais de suas histórias. Ao invés de escolher os caminhos fáceis (um pulo para a fantasia, ou uma lição de moral), ela meritoriamente nos dá um desfecho que parece autêntico a esses personagens, de longe as melhores criações de sua obra.

É por causa deles, e do que eles dizem sobre todos nós (como eu disse, cinema-terapia) que Oh, Hi! ainda merece ser visto - mesmo que sua inspiração seja atrapalhada pelos acessórios ao redor dela, pelo menos ela está aqui.

Nota do Crítico
Bom
Oh, Hi!
Oh, Hi!

Ano: 2025

País: EUA

Duração: 94 min

Direção: Sophie Brooks

Roteiro: Molly Gordon, Sophie Brooks

Elenco: Geraldine Viswanathan, Molly Gordon, Logan Lerman

Onde assistir:
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